Realidade virtual na sala de aula: a experiência de uma universidade uruguaia

A Escola de Negócios da Universidade de Montevidéu (IEEM) e o Quantik Lab exploraram o impacto dos mundos virtuais no trabalho e na educação executiva com um experimento interessante.

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A realidade virtual é uma opção promissora para aproximar o trabalho a distância de uma experiência mais natural. No campo da educação executiva, ela pode abrir oportunidades para expandir a sala de aula para o mundo inteiro, permitindo a participação de profissionais e estudantes de todo o mundo.

Nesse contexto, o IEEM, a Escola de Negócios da Universidade de Montevidéu, estava interessado em comparar duas experiências de discussão de casos: uma realizada com realidade virtual (VR) e outra no formato tradicional (presencial). Para atingir esse objetivo, juntamente com o Quantik Lab, a área de pesquisa e desenvolvimento da Quantik, eles projetaram um experimento conjunto.

A iniciativa foi realizada com o apoio técnico e a consultoria de Fabricio González e Martín Píriz, do Quantik Lab. O IEEM foi representado por Pablo Sartor, Diretor de Operações e palestrante, e Valeria Fratocchi, palestrante do IEEM e do Programa de Desenvolvimento Gerencial.

Como o experimento foi realizado?

Para o desenvolvimento do experimento, foram definidos dois casos breves para discussão, A e B. Dezoito participantes, 6 mulheres e 12 homens, foram divididos em dois grupos de 9 pessoas (G1 e G2). Cada grupo discutiu dois casos diferentes, um em um ambiente virtual (V) usando o equipamento Oculus Quest 2 e outro pessoalmente (P). Foram criadas as seguintes combinações de grupo-modo de caso: G1-A-V, G1-B-P, G2-A-P, G2-B-V.

As sessões consistiram em discussões que foram gravadas. As métricas observadas foram o número de intervenções e sua duração, levando em conta as diferenças por gênero e modalidade de trabalho.

O que foi observado durante e após a experiência?

Em ambas as modalidades (presencial e RV), houve uma distribuição semelhante de tempo e intervenções entre professores e participantes. As intervenções dos professores corresponderam a menos da metade do total, e a duração média das intervenções não variou significativamente entre os formatos.

Em termos de gênero dos participantes, observou-se que as mulheres falaram, em média, mais vezes do que os homens, ocupando uma porcentagem considerável do tempo total e das intervenções, apesar de serem 33% do número total de participantes. Esses resultados permaneceram consistentes tanto nas discussões presenciais quanto nas de RV.

Em termos de composição etária, o estudo constatou que o grupo G1 tinha uma concordância entre a idade média e a idade ponderada pelo tempo de participação em ambas as modalidades, enquanto no G2, apesar de uma redução na idade média ponderada, a distribuição era semelhante em ambas as modalidades. Os participantes mais jovens falaram mais nos modos face a face e de RV.

Resultados versus expectativas

As expectativas iniciais dos orientadores do experimento sugeriam que o ritmo de alternância entre os interlocutores seria maior no formato presencial e que, na RV, as intervenções teriam uma duração média mais longa, permitindo maior expressão; no entanto, isso não aconteceu. De fato, não foram encontradas diferenças perceptíveis nos aspectos relacionados ao fluxo da discussão.

Da mesma forma, a experiência os levou a repensar certos preconceitos sobre o uso da RV para facilitar as interações, especialmente quando há barreiras físicas ou logísticas para a interação face a face.

Ao contrário da crença popular de que a RV impede a fluidez na interação humana, este estudo demonstra que ela não só é capaz de imitar com eficácia o ambiente presencial, como também desafia as normas de gênero e idade. Assim, nesse ambiente, as mulheres e os jovens tiveram mais oportunidades de participar ativamente, revelando o potencial da RV para democratizar a sala de aula.

O professor Sartor considerou que acrescentar a modalidade "meta" ao trabalho em sala de aula "pode ajudar a mitigar as dificuldades do público com horários complexos ou que mora longe, permitindo que algumas instâncias remotas sejam intercaladas com o trabalho presencial". Ele também valorizou o fato de aprender a gerenciar nesses contextos virtuais como uma vantagem muito valiosa.

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